quinta-feira, 12 de junho de 2008

"Prefiro preto a mulher"

A frase título dessa postagem foi pronunciada por Caetano Veloso no show Obra em Progresso da semana passada, logo após saber da vitória de Barack Obama como candidato democrata nas próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Apesar de Caetano admitir outras possíveis conotações a essa frase, ele quis dizer que prefere Obama à Hillary Clinton. Nesse contexto, também prefiro preto a mulher.

Desde o início dessa campanha, meu candidato é Barack Obama. A Hillary é simpática, mas é mulher de um ex-presidente. Caso vencesse as eleições, criaria uma espécie de poder hereditário nos Estados Unidos, representado pelos governos Bush-Clinton-Bush-Clinton. E isso seria algo que certamente decepcionaria Tocqueville. (Pensando agora, acho que é por isso que não tenho simpatias a Sra. Kircher, na Argentina. Democracia pressupõe alternância de poder e não há alternância quando mudam apenas as figuras e não os sobrenomes.)

Obama representa mudança (aliás, foi com esse slogan que conseguiu a nomeação para concorrer às eleições) em vários sentidos. A despeito de muitos analistas afirmarem que não se trata de uma questão racial, Obama é o primeiro candidato negro a concorrer à Casa Branca, e isso é uma novidade positiva para a democracia norte-americana. Ironicamente, acho que o que propiciou sua nomeação foram as gestões de Colin Powell e Condolezza Rice à frente da Secretaria de Estado no governo de George W. Bush. Com eles, o povo americano acostumou-se com negros ocupando cargos de primeiro escalão no governo.

A principal mudança, no entanto, é a novidade que Obama representa. Sua inexperiência política suscita dúvidas de como seriam os EUA sob sua administração. Suas propostas ainda não estão claras, principalmente em termos de política externa. Agora que Obama já é o candidato oficial do Partido Democrata, ele terá de apresentar propostas concretas capazes de convencer o eleitorado indeciso, já que muitas das posições do candidato republicano foram expostas enquanto os democratas ainda escolhiam entre a "mulher" e o" preto".

Agora sim a campanha eleitoral começará a ferver nos EUA. Os norte-americanos precisam de soluções para problemas como a crise econômico-financeira que o país atravessa e para o fracasso da ação no Iraque. E quem poderia imaginar que um mulato com o nome de Barack Hussein Obama seria a nova esperança da América? Ironia do destino!

3 comentários:

Unknown disse...

Ufa!!! Ainda bem que tá tudo explicadinho (rsrsr).

Helengreat disse...

Há controvérsias. Há interpretação e interpretação. A sua leitura foi esta, a minha também foi, porém há uma gama de visões na frase do Caetano. No contexto eleições nos Estados Unidos tudo bem... porém, a frase soltinha.. dá-lhe imaginação.
Mudando o foco, gostei muito da sua defesa em prol do candidato Obama, não sei se votaria nele ou na Hillary.. provavelmete nela, apesar do continuísmo.
Aqui no Rio eu morro de medo da volta dos Garotinhos e Garotinhas!!!! Maião e Mainha!!!!
(rsrs)
Parabéns pela matéria.

Suwester disse...

Não vamos ser levados pela maré. Por que logo você não haveria de preferir a Hilary Cliton no lugar do Obama?
Não sei não..mas a impressão que tenho é que está todo mundo seguindo o fluxo, sem nem pensar. A imprensa brasileira já tomou partido e por ela, o "pretinho básico" já estava eleito.
Não concordo nem discordo, só acho que deve haver um debate mais esclarecedor. Por que o Caetano Veloso tem que dar sempre essas declarações polêmicas, ainda mais envolvendo política??? E afirmações um tanto quanto preconceituosas, diga-se de passagem: PRETO X MULHER.
Mas você está certo, Obama com certeza representa uma novidade, uma mudança. Baseando-se no exemplo do Brasil, com o "inovador" e "surpreendente" Lula (que tb era novidade e exalava esperança), se eu fosse cidadã americana estaria apavorada. Me seguraria com todas as forças na zona de conforto. O sobrenome pesa no currículo, neste caso? Não acredito que possa pesar de forma negativa. Veja os exemplos: Eva Perón, Ruth Cardoso, Jacqueline Kennedy..enfim. Acreditar que apenas pelo fato da candidata ser esposa de um ex-presidente pode prejudicá-la e, de fato, isso acaba acontecendo, para mim é um pensamento retrógrado. Se o motivo for novidade, Hillary também representa um bom bocado delas.