quarta-feira, 18 de junho de 2008

Pastel chinês

Durante minha breve passagem por Macau, descobri porque muitos chineses que vêm ao Brasil acabam montando uma pastelaria. Confiram nesse vídeo amador que fiz perto da ruína da Igreja de São Paulo.


segunda-feira, 16 de junho de 2008

A hipocrisia do caso Varig


Não quero entrar no mérito de se o governo Lula agiu corretamente ou não ao interferir no caso da venda daquela antiga Varig moribunda em 2006. A questão é que estou achando muito hipócrita toda essa onda denuncista sobre a atuação do governo nesse caso. Em 2006, quando a imprensa noticiava a quase falência da empresa, o caso Varig virou motivo de comoção nacional. A empresa era vista como patrimônio do povo brasileiro, um caso de sucesso do empreendorismo nacional, e ninguém queria ver uma empresa como a Varig saindo do mercado, após voar com o nome do país para vários destinos nacionais e internacionais.

Naquela ocasião, todos pediam atuação do governo Lula para impedir uma eventual falência e extinção da marca Varig, como mostra a capa da revista Isto é acima. E pelo visto, o governo atendeu aos apelos da sociedade, facilitando a autorização da ANAC para compra da Varig pela Gol. E a empresa sobreviveu e continua transportando passageiros pelo Brasil e para alguns destinos no exterior, com o mesmo serviço e qualidade da antiga Varig (ainda bem que a Gol não substituiu aqueles lanches da antiga Varig por barrinhas de cereais e amendoins!).
Se o governo agiu de maneira correta ou não é outra questão. Mas acho muito hipócrita toda esse alarde e indignação com o caso Varig!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

"Prefiro preto a mulher"

A frase título dessa postagem foi pronunciada por Caetano Veloso no show Obra em Progresso da semana passada, logo após saber da vitória de Barack Obama como candidato democrata nas próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Apesar de Caetano admitir outras possíveis conotações a essa frase, ele quis dizer que prefere Obama à Hillary Clinton. Nesse contexto, também prefiro preto a mulher.

Desde o início dessa campanha, meu candidato é Barack Obama. A Hillary é simpática, mas é mulher de um ex-presidente. Caso vencesse as eleições, criaria uma espécie de poder hereditário nos Estados Unidos, representado pelos governos Bush-Clinton-Bush-Clinton. E isso seria algo que certamente decepcionaria Tocqueville. (Pensando agora, acho que é por isso que não tenho simpatias a Sra. Kircher, na Argentina. Democracia pressupõe alternância de poder e não há alternância quando mudam apenas as figuras e não os sobrenomes.)

Obama representa mudança (aliás, foi com esse slogan que conseguiu a nomeação para concorrer às eleições) em vários sentidos. A despeito de muitos analistas afirmarem que não se trata de uma questão racial, Obama é o primeiro candidato negro a concorrer à Casa Branca, e isso é uma novidade positiva para a democracia norte-americana. Ironicamente, acho que o que propiciou sua nomeação foram as gestões de Colin Powell e Condolezza Rice à frente da Secretaria de Estado no governo de George W. Bush. Com eles, o povo americano acostumou-se com negros ocupando cargos de primeiro escalão no governo.

A principal mudança, no entanto, é a novidade que Obama representa. Sua inexperiência política suscita dúvidas de como seriam os EUA sob sua administração. Suas propostas ainda não estão claras, principalmente em termos de política externa. Agora que Obama já é o candidato oficial do Partido Democrata, ele terá de apresentar propostas concretas capazes de convencer o eleitorado indeciso, já que muitas das posições do candidato republicano foram expostas enquanto os democratas ainda escolhiam entre a "mulher" e o" preto".

Agora sim a campanha eleitoral começará a ferver nos EUA. Os norte-americanos precisam de soluções para problemas como a crise econômico-financeira que o país atravessa e para o fracasso da ação no Iraque. E quem poderia imaginar que um mulato com o nome de Barack Hussein Obama seria a nova esperança da América? Ironia do destino!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Fé e ciência

E D-us disse...


... e houve luz!


Essa frase, que vi escrita numa camiseta (a fórmula é meramente ilustrativa), e a inauguração de uma exposição sobre Charles Darwin na semana passada em Brasília me fizeram refletir sobre a relação, ainda conflituosa, entre fé e ciência.


Na verdade, eu já estava pensando em escrever sobre isso desde antes de o Supremo decidir sobre a questão das pesquisas com células-tronco no Brasil. Felizmente, a Corte decidiu liberar as pesquisas, mas me entristeceu o fato de tal decisão não ter tido unanimidade entre os juízes. E isso me preocupa, pois o Supremo está prestes a julgar outra decisão supostamente polêmica que também envolve ciência e religião: a autorização ou não de aborto em caso de feto anencéfalo. Digo supostamente polêmica porque não entendo como juízes, e não médicos e cientistas, podem ter a pretensão de querer obrigar uma mulher a esperar os 9 meses de gestação para parir uma criança que viverá apenas por alguns minutos. Espero que os juízes que votaram pela liberação das pesquisas com células-tronco mantenham a sensatez nessa questão.


Mas voltando à questão principal: fé e ciência. À época em que as grandes religiões surgiram e se consolidaram, pouco se sabia sobre como o mundo havia sido criado ou sobre como o homem havia surgido. Na ausência de qualquer explicação, nada mais conveniente do que atribuir tudo isso à vontade de D-us. Com o passar dos séculos, a ciência progrediu, e, com ela, o conhecimento sobre os processos naturais e da humanidade. As religiões, no entanto, não se adaptaram a esse progresso científico de conhecimento do mundo. Preferiram, ao contrário, manter intacta sua visão sobre o mundo como forma de manter a legitimidade perante seus fiéis.



Um jornalista norte-americano, no ano passado, decidiu viver por um ano de acordo com todos os preceitos bíblicos. Deixou sua barba crescer, cumpriu todos os 10 Mandamentos, negou a evolução das espécies e se comprometeu a apedrejar todos aqueles que cometem ou cometeram adultério (felizmente, ele se limitou a jogar pedrinhas em apenas um). Sua decisão, bastante original, demonstra que as religiões precisam se adaptar ao mundo contemporâneo. Essa adaptação, sim, é necessária para dar legitimidade às religiões. Por que negar a existência de dinossauros quando testes com C-14 provam sua existência? Por que proibir o uso de preservativos quando milhares de pessoas morrem diariamente após serem contaminadas pelo vírus da Aids? Por que condenar a pesquisa com células-tronco quando inúmeras vidas podem ser salvas com as pesquisas com células embrionárias?

Fé e ciência não são incompatíveis. Ao contrário, o avanço da ciência é a prova de que D-us existe.